Se tivesse que escolher um local, eu escolheria além do Bojador.
Pasargada é um lugar idílico onde você é amigo do Rei, tem a mulher que quer, lá não existe dor, esforço, mudança, lá você não precisa fazer nada, tudo está pronto, tudo é perfeito.
Quando Bandeira fez o poema, foi uma forma de tentar suportar a sua doença, transportando –o a um lugar perfeito, um lugar onde a dor real não existia.
Confrontar a realidade , jamais!
Pasargada é para somente sonhar, flutuar...
Já Bojador, ou ex Cabo do Não , lugar temido por “engolir” embarcações, lugar de bravos , de pessoas determinadas a ultrapassar seus limites, lugar dos personagens de Guimarães Rosa...
Bojador fala de dor, de superação , de realidade, de vontade, de garra, de determinação!
Prefiro Bojador, além do Bojador, porque sei que , se ultrapassá-lo, é lá que o Céu estará espelhado.
Além do Bojador, além do bojador...
É pra lá que eu vou, é prá lá que eu remo...
Pasargada pelo próprio Bandeira
“Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...].
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