Pois é....lembrei de vc ao ler este poema da Adelia Prado.
Sem melancolia mas com um certa reflexão...você não tem idéia de como sua perda mexeu comigo, mexeu nas minhas crenças, na minha maneira de viver...
Não de forma ruim, ao contrário, me deu mais sede ainda de vida, aproximei-me mais da mamãe, o meu , seu avesso, e aprendi a olha-la de forma mais terna,menos exigente....e meu olhar para mundo mudou...mudou na direção...a velocidade tem sido lenta mas profunda.
Segue Adelia
"As mortes sucessivas
Quando minha irmã morreu eu chorei muito
e me consolei depressa. Tinha um vestido novo
e moitas no quintal onde eu ia existir.
Quando minha mãe morreu, me consolei mais lento.
Tinha uma perfuração recém-achada:
meus seios conformavam dois montículos
e eu fiquei muito nua,
cruzando os braços sobre eles é que eu chorava.
Quando meu pai morreu, nunca mais me consolei.
Busquei retratos antigos, procurei conhecidos,
parentes, que me lembrassem sua fala,
seu modo de apertar os lábios e ter certeza.
Reproduzi o encolhido do seu corpo
em seu último sono e repeti as palavras
que ele disse quando toquei seus pés:
‘deixa, tá bom assim’.
Quem me consolará desta lembrança?
Meus seios se cumpriram
e as moitas onde existo
são pura sarça ardente de memória."
Sem melancolia mas com um certa reflexão...você não tem idéia de como sua perda mexeu comigo, mexeu nas minhas crenças, na minha maneira de viver...
Não de forma ruim, ao contrário, me deu mais sede ainda de vida, aproximei-me mais da mamãe, o meu , seu avesso, e aprendi a olha-la de forma mais terna,menos exigente....e meu olhar para mundo mudou...mudou na direção...a velocidade tem sido lenta mas profunda.
Segue Adelia
"As mortes sucessivas
Quando minha irmã morreu eu chorei muito
e me consolei depressa. Tinha um vestido novo
e moitas no quintal onde eu ia existir.
Quando minha mãe morreu, me consolei mais lento.
Tinha uma perfuração recém-achada:
meus seios conformavam dois montículos
e eu fiquei muito nua,
cruzando os braços sobre eles é que eu chorava.
Quando meu pai morreu, nunca mais me consolei.
Busquei retratos antigos, procurei conhecidos,
parentes, que me lembrassem sua fala,
seu modo de apertar os lábios e ter certeza.
Reproduzi o encolhido do seu corpo
em seu último sono e repeti as palavras
que ele disse quando toquei seus pés:
‘deixa, tá bom assim’.
Quem me consolará desta lembrança?
Meus seios se cumpriram
e as moitas onde existo
são pura sarça ardente de memória."
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