Sentir...uma heresia

Em época de sentimentos pasteurizados pela necessidade de socialização, sentir virou quase um crime.

Hoje temos as pílulas do sentimento linear, flat...seja em anti depressivos, em florais, reike, tudo em nome do "equilíbrio" emocional, do estar zen, do não sentir felicidade em excesso, raiva, tristeza, euforia,ansiedade ou até dores cotidianas.

Expressar emoções logo logo estará no código penal pois no social ele já existe.

Você não pode passar por um tristeza e compartilha-la que vira depressão...todos querem se livrar do que vc fala pois rapidamente não querem entrar em contato com esta sensação : a de sentir, ser levado...tomado!

Não, não estou falando apenas de anti depressivos, falo de florais, homeopatias, tudo é uma forma de não aceitar nossa humanidade. 

O importante é não sentir, é eliminar...

E dá-lhe algo para tapar, domar nosso sentir...

Deixamos nossa humanidade de lado em prol da socialização do não sentimento.

Viramos máquinas de equilibrio ambulante pois qualquer mínima lamuria vira depressão.

Ninguém mais entra em contato com o sentir...

Uma pena...

Eu hoje olho a dor, a tristeza...de perto, de longe, observo-a, convivo e depois deixo-a livre para coexistir dentro de mim.Ela é minha sombra e não dá para viver apenas com uma face.

Já tentei camuflar a dor, tampar, fingir que não via, eliminar...

Mas dá trabalho pacas não sentir...é contra minha natureza.

Eu apenas sinto, com toda a minha humanidade, e sinto-a mesmo nos meios de ditos humanos sem um mínimo de humanidade...

Eu preciso do inteiro: da luz e da sombra!

Campo de visão

Lembro de uma conversa que tive uma vez com a minha tia sobre porque eu não tinha vontade de conversar com minhas amigas em Tupã:

- Tia, é sempre a mesma coisa. O repertório não muda...é sempre assim :ahhh to cansada do meu marido,ele joga bola e me larga, ahh minha filha está dando trabalho, ahhh porque você não se casou com o fulano, teria sido tãaaaaaaaaaao feliz!

Quando digo que amo viajar,silêncio e festa, minha companhia e amigos, meus livros e rodadas de shopping, que sou plural, que minha vida é outra fica um silêncio constrangedor como se eu não tivesse entendido nada e estivesse perdendo o melhor da festa. Me aborreço e canso...

Dai parei...

Como podem achar que eu seria feliz ai ? Da forma delas ? Com aquelas escolhas ?

Fala sério...eu não entendo...eu respeito a escolha delas mas elas não respeitam a minha...acho um saco isso como se a vida só houvesse uma escolha para ser feliz.

Minha sábia tia me disse :

- Betina , você viu o mundo com uma amplitude que elas não viram.Como pode querer que te entendam ? Claro que vc consegue entende-las mas elas não conseguem alcançar o que você fala...

Foi libertadora essa conversa..

Toda vez que converso com alguém, seja qualquer o tema e não existe eco simplesmente por repertório diferente de vida, lembro da minha tia e lembro do Everest...

Como posso achar que alguém que está na base consiga ter a mesma visão de quem está no topo ?

Não, não dá...e isso fez e faz com que ele olhe com mais condescendência essas pessoas e não me aborreça mais...

A Minha São Paulo

Recebi um pedido de um amiga, a Luciana :

- Quero conhecer São Paulo através de seus olhos!

Então ai vai...

Eu amo São Paulo!

Ela me devora e eu faço o mesmo...bebo-a ,mas em goles, para nunca acabar!

Cheguei aqui aos 18 anos...desde sempre ela me elegeu e como sua fiel "filha" tento corresponder a altura.

Nasci em Tupã e havia a máxima que "mulher direita "estudava em Ribeirão, Bauru, Campinas...São Paulo não...São Paulo não era para mulher "direita".

São Paulo sempre teve esta fama antropofágica...de comer, de engolir.

Mal sabiam eles que eu também devoraria São Paulo.

Tivemos e temos esta relação....uma devora a outra!

Não sei ficar longe daqui, não sei ficar muito tempo aqui.

São Paulo é dos nordestinos, dos japoneses, dos italianos, dos coreanos e de você também.

São Paulo inclui...inclui tudo e mais um pouco...inclui até quem quer se excluir...

Adoram dizer que São Paulo exclui...poucos conseguem ver poesia na dureza de seus concretos mas está lá...basta olhar e ver.

Outro dia, era tarde da noite, mais ou menos 23h, um amigo me disse :

- Vamos passear no centro da cidade ? 

Ri, um pouco pelo convite inusitado, coisa de quem morou muitos anos na Europa..mas aceitei curiosa.

Como será esta São Paulo, no centro, na cracolândia, na calada, na madrugada ?

Curiosa, fui...curiosa, olhei...olhei e encontrei...

Vi no centro um local LINDO , parecia uma galeria de arte e vimos um abrigo para 3a idade, lá os vovôs tomando sopa, assistindo TV...bonito de ver...

Vi uma São Paulo silenciosa, uma São Paulo ampla...sem gente,sem tampões...

São Paulo inclui os excluídos mesmo em suas esquinas...eles estão lá...

São Paulo não perdoa os preguiçosos ...será ? 

Tenho cá minhas dúvidas quando me espreguiço no Ibirapuera, quando ando pelos Sescs da vida...

Sempre penso em exclusão e escolhas...em qualquer classe social e  em qualquer situação...mas este tema vai longe...

São Paulo é e foi generosa comigo...eu amo São Paulo.

Mas...

São Paulo também me exaure, me esgota...

São Paulo é cheia de Es e uma coisa, e outra coisa, de adição...

Mas preciso da pracinha, do olhar da vizinha, do sorriso do pipoqueiro...

Nasci no verde, nasci Betina...

Paulistanos nascem no concreto e nascem Betina Moreira...

Tenho buscado cada vez mais a Betina, dentro da Betina Moreira daqui...e quanto mais eu busco, incrivelmente, tenho encontrado!

Obrigada São Paulo,obrigada!

Sampa 458 anos

tanto, tanto concreto
e eu abstrato
absorto, discreto
desenho o teu retrato
nas vigas de aço
que te sustentam
e te dão forma:

côncava, convexa
cômica, complexa
assombra-me
a tua sombra

noites insones
domicílio dos sonhos
luzes tenazes
vagalumes vorazes
passam e não se vêem

homens de trapo
imitam a vida
flores de pedra
confusa intriga

casas de gigantes
arranhando o céu
e eu abstrato
absorto, perplexo
de alma vazia
absorvo a poesia
latente no teu
concreto.

Autor : J Nery

Foto : Paulo von Poser.

Paradoxo

Paradoxo, de acordo com o Aurélio, significa contradição, pelo menos na aparência.

Na aparência, na superfície...tá certo!

Quando leio Clarice, A Lispector, eu consigo enxergar o meu , o dela...isso fica tão claro!

Paradoxos deveriam ser questões excludentes...mas não são,muitas vezes.

Ver Clarice, casada, com filhos gritar por liberdade, implorar por solidão e ao mesmo tempo clamar por amor...chega a ser emblemático...me confunde...

É isso que amo em Clarice...esta pluralidade...

Abaixo algumas dessas questões de forma linda :

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas as vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco : quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de ser o outro para unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida "

"Eu que sou dois pontos. Tu, és minha exclamação. Eu te respiro-me "

"Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome "

"Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca ".

"Experimento viver sem passado sem presente e sem futuro eis-me aqui livre "

"Eu vou lhe dar de presente uma coisa. É assim: borboleta é pétala que voa ".

"Ela é tão livre que um dia será presa. 'Presa por quê ? ''Por excesso de liberdade.''Mas essa liberdade é inocente ? ''É''Até mesmo ingênua'.'Então porque a prisão ?''Porque a liberdade ofende'".

"Fique de vez em quando sozinho, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa"

E por fim a mais emblemática de todas que resume este parodoxo amor entrega vs liberdade :

"A solidão de que sempre precisei é ao mesmo tempo inteiramente insuportável ".

Sou simplesmente apaixonada por Clarice!

Acima de 5 linhas...

http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed677_a_internet_e_uma_maquina_de_fazer_idiotas

Texto excelente para refletirmos o impacto de textos curtos nas nossas vidas...
Para quem ainda consegue ler acima de 5 linhas, vale a reflexão.

El Hijo de la Novia

Impossível não se emocionar, profundamente!

A resenha é muito simplista pela profundidade do filme e o título não ajuda.

As emoções brotam em cada cena mas são aliviadas pelo humor tocante.

Ver o amor desse homem, essa lealdade desmedida é ..não tenho palavras que definam...esse pai, esse homem, essa pessoa que deveria estar em segundo plano mas ficou em primeiro para mim... tamanha a forma como me tocou...

O filme mostra a estória de Rafael, aos 42 anos , esgotado. A vida dá uma rasteira quando sofre um infarto e resolve refletir sobre suas escolhas.

Fiquei muitas vezes sem ar no decorrer do filme....

Quando ele decide resgatar sua estória com a mãe, por ele...

Quando decide respeitar a decisão do pai...e olhar o outro, o desejo irracional mas tão verdadeiro...

Quando a Naty está na igreja caminhando em direção ao altar para , silenciosamente, realizar o sonho do sogro...uma dança de cumplicidade e gentileza...

Tai, gentilezas , delicadezas de sentimento é o que não falta no filme...tem na medida do olhar , na medida exata do sentimento que toca o outro.

Foi lindo também de ver a relação verdadeira entre amigos, como é bom nos cercarmos de gente que nos ama e nos diz "as verdades ".

E ver que redirecionar a vida e rever prioridades é fundamental, sempre.

A mudança crescente de Rafael é...demais!

O filme foi um presente gostoso de uma amiga para este sabado.

Obrigada Gabs pela indicação, pelo presente recheado de tenras sensações.

Em lágrimas estou mas também cheia de emoções lindas!

Coragem

Ontem conversava longamente com um amigo sobre várias coisas e uma delas foi sobre coragem.
Ele leu em algum lugar algo interessante em que dizia algo mais ou menos assim :
Coragem não é ausência de medo e sim agir com medo.
É ter medo e mesmo assim agir, caminhar...
É o movimento para frente que empurra a pessoa.
E é exatamente na caminhada que as respostas serão encontradas.
Amei.
Aos corajosos, o medo, o medo de caminhar...caminhando...com determinação, sempre!

O Medo à Liberdade

"Sua tese é que na presente busca do sucesso financeiro, ao lado da liberdade material conquistada ao longo da história do ocidente, os indivíduos se isolaram cada vez mais uns dos outros. Essa mesma liberdade econômica, carregada de solidão, tornou-se motivo de medo e angústia, levando as pessoas a desejarem uma fuga psicológica de alienação, por meio de ilusões de “terem” algo ou de “pertencerem” a uma corporação ou grupo que lhes fariam sentir menos sós. Se na antiguidade o perigo era os homens tornarem-se escravos, atualmente tornou-se o de serem alienados psíquicos, autômatos. Pudessem encontrar uma alternativa saudável ao conflito, haveriam de reconhecer a importância do outro nos vínculos de cooperação e solidariedade. Mas, a solidão e a impotência encontraram na indústria moderna artifícios da felicidade de consumo e estímulos para o rápido alívio psicológico da condição humana – que em seu dinamismo tende a procurar soluções de alguma forma, com possibilidades de satisfação, ainda que ao preço da violência, da neurose e servidão voluntária. Explicando o fenômeno do nazifacismo, que bem conheceu, esclarece que a ânsia de poder não é originada da força, mas da fraqueza. 

Fromm faz assim uma análise da patologia da alienação psíquica inconsciente da sociedade industrial, que se caracteriza pelo comportamento social consumista e pelo sistema patriarcalista autoritário, reclamando uma necessidade ética urgente de mudanças nas determinações sócio-econômicas. Do ponto de vista psicopatológico, segundo ele, o centro gravitacional da cultura capitalista é o consumismo passivo. O consumo, no entanto, é próprio da vida, do crescimento biológico e das relações humanas; afinal, precisa-se comer, vestir, trocar valores de uso econômico e outros. Todavia, há uma espécie compulsiva de consumo que unicamente visa aliviar a ansiedade, a insegurança ou mesmo o desespero subjacentes à nossa época. Ironicamente, constata ele, o homem contemporâneo, com seu avançado conhecimento intelectual, desconhece-se enquanto totalidade espiritual, não sabe bem o que deseja e por isso não consegue satisfazer-se plenamente, sentindo-se vazio de realizações." 

Erich Fromm
Publicado em 1941

Relacionamento Tênis ou Frescobol

Já repararam num jogo de tênis ?
O jogo só acontece se um jogar a bola para o outro...sim mas para o outro não pegar...
Vc passa o jogo todo dando um jeito de achar uma brecha, um buraco, um espaço e pimba...jogar a bola exatamente ali...na fragilidade do outro, onde o outro não verá e perderá... 
Já repararam em frescobol ?
O jogo só acontece se vc jogar a bola na mão do outro. O jogo só tem graça se a bola não cair e dai vc fica jogando, jogando, jogando...
O bacana do frescobol é isso...vc joga com o outro não contra o outro.
Tênis ou Frescobol ?
Cada um escolhe o seu e vive de acordo com as suas escolhas...

A direção

2012...a direção... do olhar, das atitudes, do pensar...
Não, não quero os iguais...não é isso...
Quero os semelhantes em valores, os que complementam raciocínio...
Como os botões acima...são botões mas cada um de um tamanho, de uma cor...mas botões...
O Facebook me trouxe, a principio, meus amigos.
Trouxe também os amigos dos amigos que gostavam dos comentários...e chegaram eles....em massa...
Os amigos do trabalho, aqueles que vc nem tinha afinidade, os amigos da sua cidade Natal,que vc mal conversava, os amigos e colegas do amigos...
E tudo ficou povoado demais...
Me dei conta, semana passada, que estava cansada de ver alguns posts...mas eis a questão...não dá para deletar...não precisa chegar a tanto...
E resolvi fazer um teste para entender meu cansaço...em 1 hora 97% dos posts eram de copiar e colar...não, ninguém mais pensava...
O facebook virou um lugar de copia e cola..não do que vc pensa...
Mas confesso que pensei em uma saída...esta...
Quem se dispõe a sair da perfil Betina apenas para ouvir o que escrevo, terá o meu melhor, terá o meu inteiro e terei a troca que busco.
Acredito que aqui só entrará quem realmente tem vontade...e o melhor...o cerco se fechará exatamente na busca, na direção que me proponho...na busca das idéias que me enriquecerão.
E que os ventos me conduza e nos conduzam a uma direção...
Que direção ? Não sei...to indo...

Fases do Distanciamento

Primeiro senti aquela dor sem nome, aquela que nem sei mais como é...aquela que não dá para dizer...
Depois senti uma dor de saudade e chorava...
Na seqüência a dor ia tomando distância...a constatação do não existir... e dor aumentava...
Agora me lembrei de vc...toda vez que vou ao centro da cidade, me lembro de vc...
Pensei...poxa preciso ligar para meu pai...estou com saudades...
Me dei conta que não dava...mas não veio dor..veio apenas a constatação da quebra de rotina que foi rompida já há alguns meses...
Me deu saudades...apenas olhei para o nada e pensei...esteja onde estiver, to te ligando...
Distancia que não toca, não vê, não ouve mas em algum lugar , sabe se lá onde... tem eco...
Vc apenas ouve...


PS: foto tirada no hospital. Primeira vez na vida que ganhei uma tranca de meu pai. Momento historico para se registrar!

Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector

" São vidas, numa carta para mim. São vidas.
Sendo vidas, nada mais nos resta fazer senão irmos vivendo. Atravessei um período duro, Clarice. Também precisei muito de uma palavra amiga, e ,afinal, o meu livro está ali, num canto, esperando resolução. Já nem sei mais nada, e às vezes, tinha vontade de ir mais devagar. Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando, sofrendo, avançando e recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência."

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Ela chegou...

Ela chegou...no momento mais improvável.

Ela tentou anos, com um cara saudável...

Ele estava cheio de pó, cheio de alcool...

E foi exatamente ali, quando ele decidiu se internar que ela ficou grávida...

O resultado...taí...perfeita, linda, feliz ...do improvável, do não vai dar certo...

E eu lá sou mulher de menos ?

Mais, mais e mais.
E lá sou mulher de menos, letrinhas, resenhas, economia de sentimentos, palavras, emoções ?
Não sou mulher de pouco, de migalhas, de comentarinhos, de menos...
Por isso decidi fazer esse blog...
O facebook ficou com gente de mais e pensamento de menos...
Só tem copia e cola de posts e de idéias...
Pensar, dá preguiça...
Eu gosto de ler, eu gosto de sentir, eu gosto de tocar, o inteiro, sempre!

Amor ? Amor Âncora...

Ele insistem em dar nome disso de amor... mas eu decidi chamar de relacionamento âncora.
Âncora porque colocam pesos em suas pernas, em seus corpos e se destroem, se afundam num mar de lama de descuidado, de desrespeito...
Apesar de cansados não páram, não sabem parar...não querem parar...sempre estão prontos para o próximo round, dispostos para o próximo round.
São incapazes de olhar ao seu redor e ver o estrago que causam...
Ficam em "nome do amor", "em nome dos filhos" , nunca em nome das suas doenças...
Uma amiga terapeuta disse que as relações são feitas por vários laços, uns se prendem pela traição, outros arrastam correntes ao invés de alianças, outros por solidão e alguns "até se juntam em nome do amor ".
O problema é que TODOS embalam isso em um só nome : AMOR.
Amor ? Que amor ? E a confusão se instala...

Uma amiga se pune por ter se separado com 4 filhos pequenos...outro se culpa pela separação temprana...acha que deveria ter tentado mais...mesmo no inferno...
Mas o melhor foi esta amiga de 4 filhos que me disse, mesmo em dor :
- Be, sou respeitada como profissional, meus filhos me respeitam como mãe MAS como pessoa , me olho no espelho e não me reconheço, estou péssima...que valor passo aos meus filhos no meio deste caos e inferno ?
Eu pedi a separação pois não queria que meus filhos não me admirassem como PESSOA e eu preciso disso. Com meu marido, me desrespeitando, eu não conseguiria passar valor algum...

Não sou a favor do divorcio nem das reações tempestivas...mas sou a favor da sanidade dos envolvidos e do entorno.
Sempre me pergunto quando um casal irresponsavelmente diz que fica em nome do amor e dos filhos...mesmo no inferno que estão :
- Que valor vc passará aos seus filhos sendo desrespeitada e desrespeitando ? Que amar é um fardo ? Que só existe um caminho ?

Sou a favor do amor...no seu sentido mais amplo e isso inclui olhar o entorno e não apenas seus umbigos e nomear isso de AMOR.


Foto : Gal Oppido.

Facebook  06 de janeiro

Equilibrio desequilibrado

Emoções fluidas, correm sem controle nenhum...com nuances de cores que mexem muito com meu coração...

Oras suplicam,sangram, avermelham, oras são ternas, lilás, pacíficas, saudosas...oras alegre, intensa....oras roxas de indignação, confusão...mas sempre com um pé no chão, outro no ar...

Um equilíbrio desequilibrado dança dentro de mim ...mas ao mesmo tempo me sinto inteira, plena nas minhas emoções...

Facebook 01 de agosto 2011

Contornos da Dor

Músculos são tensionados
O alerta é geral
Olhos atentos
O coração é pressionado
Bomba com dificuldade
Uma névoa o envolve
Estrangula-o
Todo o corpo se ressente

Contornos de uma dor...

Facebook 03 de agosto de 2011

Pasárgada versus Bojador

Se tivesse que escolher um local, eu escolheria além do Bojador.

Pasargada é um lugar idílico onde você é amigo do Rei, tem a mulher que quer, lá não existe dor, esforço, mudança, lá você não precisa fazer nada, tudo está pronto, tudo é perfeito.

Quando Bandeira fez o poema, foi uma forma de tentar suportar a sua doença, transportando –o  a um lugar perfeito, um lugar onde a dor real não existia.

Confrontar a realidade , jamais!

Pasargada é para somente sonhar, flutuar...

Já Bojador, ou ex Cabo do Não , lugar temido por “engolir” embarcações, lugar de bravos , de pessoas determinadas a ultrapassar seus limites, lugar dos personagens de Guimarães Rosa...

Bojador fala de dor, de superação , de realidade, de vontade, de garra, de determinação!

Prefiro Bojador, além do Bojador, porque sei que , se ultrapassá-lo, é lá que o Céu estará espelhado.

Além do Bojador, além do bojador...

É pra lá que eu vou, é prá lá que eu remo...

Pasargada pelo próprio Bandeira

“Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...].

O vazio encontra um vazio maior

Dizem que amar é ceder.
Qual o limite da concessão ?
Sou uma ouvinte atenta....e tabulo mentalmente as conversas...
Quantas vezes já ouvi isso dessa pessoa ? 
Quantas vezes já ouvi isso em outras amigas ?
Quantas vezes elas tinham o mesmo padrão de comportamento ?
Cheguei a uma conclusão :
O vazio que encontramos em nós, ao buscar o outro para preenche-lo apenas aumenta esta sensação de vazio.
O vazio, encontra um vazio maior , um eco amplificado.
O delirio insano de ser amado faz enxergamos amor onde não existe ou um amor de um tamanho bem menor do que imaginávamos.
Faz do mínimo, o máximo...uma escala metrica exponencial de algo que só existe em nós.
Ou nem mesmo existe em nós o amor mas o desejo, o desejo de ser amado.
Não importa se o vazio encontrar o vazio...
Desde que se encontrem...é... tá valendo...
Pra quem ?...Pra quem mesmo ?...

Aniversário

Hoje logo cedo pensei em vc e ri muito.

Esta chegando meu aniversario...

Em 2008 vc esqueceu e me ligou uns 2 dias depois aos prantos :

- Filha, me perdoe, esqueci seu aniversario. Vc sabe o quanto eu te amo! Seu pai esta velho...

- Sei , pai....ta tudo certo. Pare de chorar...ja foi pai...ano que vem vc lembra, ta ?

E não agüentava o drama de usar a velhice seletiva pois vc nunca assumia estar velho rsrs

Mas bem fiquei chateada e fiquei na surdina, só de butuca...e la em abril vc liga no aniv da Raquel e em maio da Monica.

Huhhhhhhh

Em 2009, vc esquece por completo e nem veio o chororoooo. 

Faço aniv dia 19 e vc 25...logo imaginei que lembrasse no seu dia.Necas. 

De novo de butuca...liga para Raquel e Monica.

Fiquei pppppppppppppppp da vida!

2010 vc não liga e eu decido te dar uma lição : NAO LIGUEI NO SEU ANIVERSARIO!

Edna ( a empregada que trabalhou em casa e nos conhece desde quase os meus 6 anos e trabalhava com meu pai ) me liga :

- Betina, porque vc nao ligou para seu pai ? Ele esta muito muito triste.

- Edna, nao se mete, coisa minha e do meu pai...

- Coitado, chorou...ficou esperando

- Edna...coisa minha e do meu pai.

Dia seguinte minha irmã:

- Nao ligou para o papai por que ?

- Coisa minha e dele.

Ninguem entendeu...

Pois bem...depois de uns dois dias do seu aniversario , vc me liga :

- Ja sei porque vc nao me ligou!

Todo serelepe e feliz!

- Eu esqueci do seu aniversario!!!!

- Sim pai

- Mas vc tem que entender que estou velho!

- Mas nao esta velho para lembrar da Raquel e Monica logo...to cansada da sua velhice seletiva há 3 anos!

- Naaaaaaaaaaooooooooooooo!

- Simmmmmmmmmmm

- Eu fiz isso ?

- Simmmmm e me magoou pacas...dói nao ?

- Sou esquecido filha, perdoa seu pai

- Mas nao esquece das outras.

- Ta certo...vamos apagar isso ta 

- Ta

2011....dia 18/fev as 6h30 da madruga

- Filhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Feliz aniversario! desta vez fui o primeiro, nao ?

- Claro que foi pai, meu aniversario é amanha!

- Ahhhhhhh eu to comecando a celebrar hoje kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Este ano Zecuzeca....ta desculpado!

Tu é rabudo pacas rsrsrsImpressionante...rsrs

Facebook

Cadê as pessoas que pensam no Facebook ?

Sim porque tá escrito lá ...o que vc está pensando ?

Ninguém mais pensa ?

Só vejo copia e cola...se vc curtiu isso, replique.

E pensar ?

Pensar, como já diziam meus professores no primário, é para poucos...

Verdade..na massa vc vê isso na íntegra!

Meu Mantra para 2012 : Além do Bojador

Além do Bojador...esse será meu mantra.

O Cabo Bojador era uma zona muito difícil de passar por causa das correntes marítimas, ventos e do medo dos navegadores, afinal muitos barcos afundaram por lá.

Logo, Bojador, significa o último limite do homem e do seu mundo.

Além do Bojador, significa ir além dos nossos medos e vencer a própria dor.

Meu mantra para 2012 será este poema lindo de Pessoa:

"Valeu a pena ? Tudo vale a pena se a alma não é pequena .
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele eh que espelhou o céu . "

Quero passar além da dor, além do meu limite para enfim conhecer o que o céu me promete!

Que venha 2012...Além do Bojador!

Lição de uma Paulista no Rio

Sim, quero deixar bem claro : eu AMO o Rio...sim eu AMO São Paulo.

Hoje meu coração é pela metade por cada uma e junto : inteiro!
SP e RJ são cidades antagônicas e ...complementares...o que é bom aqui é péssimo lá e vice-versa.Mas o começo...ahhh o começo..."Narciso acha feio o que não é espelho..."...foi um caos!
Cheguei e continuei com meu comportamento paulistês...ou seja reclamava da cidade..afinal não conheço um ser nesta cidade que não reclame dela.Reclamar de São Paulo tem algo com eficiência..dá a sensação que vc conserta algo....faz alguma coisa...
E lá fui eu reclamar do Rio....primeira GRANDE gafe.
Carioca NENHUM fala mal do Rio...é a mesma coisa que falar mal da mãe...
Vc começa a conversa sobre o arrastão na praia de ontem e lá vem o carioca :
- Ahhh mas o Rio é LINDOOOOOOOOOOOOO!
- Tá ,é lindo mas tem arrastão..devolvo eu...em vão...
O carioca te esgota e tudo termina em : 
- O RIO É LINDO!
O dialogo acaba aqui...
Falar mal do Rio não é consertar a cidade...é falar mal da mãe e de mãe não se fala mal....afinal o Rio é LINDO!rsrs