Hoje conversando com uma amiga, lembrei dessa passagem...
Em outubro de 2010 você me ligou para convidar para festa de aniversário da sua filha de um ano. No meio do convite, emocionado dizia:
- Filha eu gostaria muito que vc viesse, me deixaria muito feliz, feliz mesmo. Mas entendo...
- Pai, pensarei sobre o assunto...
- Sabe filha, eu nunca dei uma festa como essa a vocês, eu fico triste de não poder ter dado uma festa como essa...
Eu imaginava com buffet, palhaços mas naquela época nem existia isso e disse:
- Ahh pai mas era tanta filha, vcs novos e naquela época nem existia isso. Além do mais você me deu estudo, me deu carinho...é isso que vale.Eu ganhei muito mais...Quanto vc conseguirá dar a Talita mesmo em vida ? Então relaxa...tem que concentrar tudo mesmo nessa festa, pai...Vai lá...
E ele insistia:
- Filha, eu não pude...
E chorava...
A principio pensei que era coisa da idade, a tal sensibilidade a flor da pele que os idosos têm.
Mas pela intensidade da conversa e curiosa que sou, fui averiguar.
Peguei os meus álbuns de infância e olhei aniversário por aniversário...e me dei conta de algo um tanto quanto assustador:
Meu pai , em absolutamente quase todos os meus aniversários, estava ausente...
Corpo presente, letárgico... mas sua alma, sua vida, estava distante...
Eu me recompus da constatação e pensei...
Poxa, como meu pai pode se sentir culpado se me deu tanto ao longo da vida ? Que culpa é essa que carrega ? Que tamanho é esse ? Coitado...
Meu sentimento foi esse, num primeiro momento...
O segundo foi de tristeza rsrs eu realmente queria meu pai alegre no meu aniversário...
Mas logo recobrei a lucidez :
E isso realmente importa nessa altura do campeonato ? Ele me deu tanta, mas tantas outras coisas que isso foi pequeno...
Foi esse o motivo de querer estar ao lado dele naquela data, naquele aniversário: para aliviar sua culpa!
Não valia a pena meu pai se culpar pelo que não deu..
A balança emocional do que deu, era excessivamente muito maior que menor...
Logo, tai o resultado desse dia...
Ele ficou, o aniversário todo ao meu lado.
Todos esses anos, foram comemorados em um!
Num, que nem era meu, mas foi tão, tão meu...inesperadamente, só meu!
Amo você,Zé, zecuzeca, meu paizinho!
Valeu por tudo, nunca pelo nada!
Não te falei isso em vida...mas não me arrependo.
Você sabia...
Nossa relação era de sentir , cuidar e agir...muito maior que o de falar...
A gente não falava eu te amo...a gente mostrava, a gente zelava, a gente tecia ...
Essa era nossa grande diferença!
Essa era nossa forma de amar E cuidar E zelar...
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